Palmeiras comemora 101 anos de glórias
Seus
fundadores eram oriundos do Brás
Por Eduardo
Martellotta
Ano de 1914. Luigi Cervo, então
jovem funcionário administrativo das Indústrias Matarazzo, que jogava futebol
pelo S.C Internacional da capital, teve a ideia de fundar um clube que
representasse toda colônia italiana de São Paulo, que até então não existia. A
cidade tinha 25% da sua população vinculada a essa colônia. Após reunir vários
amigos em torno da ideia, convenceu outro jovem, Vicente Ragognetti, jornalista,
poeta e escritor, a se envolver.
A primeira reunião foi numa
quarta-feira, 19-8-1914, com 37 presentes e ficou marcada por muita discussão
em torno do objetivo primordial do novo clube. Parte deles queria um clube
voltado a atividades artísticas e literárias, enquanto que a maioria queria um
clube focado no futebol. Assim, Luigi Cervo e os amigos marcaram outra reunião,
para a quarta-feira da semana seguinte, 26-8-1914. Estava fundada a Società
Sportiva Palestra Itália, por Luigi Cervo, Vicente Ragognetti, Luigi Marzo e
Ezequiel Simone. O local: rua Marechal Deodoro, 2, Salão Alhambra (loja de
bolsas famosa na época). O endereço hoje é a Praça da Sé. Entre os 46
presentes, absolutamente nenhum fazia parte ou foi membro do S.C Corinthians
Paulista, fundado quatro anos antes. Eram em sua grande maioria moradores do
Brás e funcionários das Indústrias Matarazzo.
O Palestra Itália fez sua
primeira partida dia 24-1-1915 – Palestra Itália 2 x 0 Savóia (amistoso). Começou
a mandar os jogos no Parque Antarctica, e o comprou em 1920. Abocanhou os
títulos paulistas de 1920, 1926 (invicto), 1926 (extra), 1927, 1932 (invicto),
1933, 1934, 1936, 1938 (extra) e 1940.
O
Palestra vira Palmeiras
Por ocasião da Segunda Guerra
Mundial (1939-1945), o Palestra foi obrigado a mudar de nome, para Sociedade
Esportiva Palmeiras, em 1942. Como
Palmeiras, o time da colônia italiana faturou em seguida os títulos paulistas
de 1942, 1944, 1947, 1950 e 1959 (supercampeão). O goleiro Oberdan Cattani fez
história de 1941 a 1954.
A conquista da Copa Rio de 1951,
em cima da Juventus, de Turim, no Maracanã, serviu como um estímulo ao futebol
brasileiro, um ano após o fracasso da derrota na final da Copa do Mundo de
1950. O Verdão foi recentemente chancelado pela FIFA como o Primeiro Campeão do
Mundo.
Na década de 1960, eis que surge
a Primeira Academia. Único time paulista a bater de frente com o Santos de Pelé.
Aquele esquadrão levantou os Paulistas de 1963 e 1966. Em 1960, vence seu
primeiro Campeonato Brasileiro, de forma invicta, depois a Taça Brasil e o
Torneio Roberto Gomes Pedrosa em 1967, e também o Brasileirão de 1969.
Estádio do Parque Antarctica em 1922
Segunda
Academia e o Divino Ademir da Guia
Nos anos de 1972-1973, vieram o
Paulistão de 1972 (invicto) e o Bi-Brasileiro. Era a chamada Segunda Academia,
que durou até 1976. Com ela, chegaram ainda os títulos de 1974 e 1976 no
Paulista. O time contava com grandes craques: Leão, Eurico, Luís Pereira,
Leivinha, Edu Bala, Ney, Dudu, Ademir da Guia, Jorge Mendonça, Pires, César Maluco
e outros.
Palestra Itália Campeão Paulista de 1926
Era Parmalat
O Palmeiras amargou 17 anos sem
um título sequer. Até que em 12 de junho de 1993, Dia dos Namorados, o Verdão
goleou o Corinthians por 4 a 0 na final do Paulista, sagrando-se Campeão. O
time havia iniciado no ano anterior um contrato de co-gestão com a Parmalat. Muitos
craques vestiam o manto palmeirense – Evair, Edmundo, César Sampaio, Edilson, Cléber,
Roberto Carlos, Zinho e outros. Os títulos voltaram: Bicampeão Paulista e Bicampeão
Brasileiro em 1993-1994, Campeão do Torneio Rio-São Paulo em 1993, e Campeão
Paulista de 1996, com uma campanha impecável: 27 vitórias, 2 empates e apenas 1
derrota, com 102 gols marcados. Nesse ano, astros como Luizão, Cafu, Djalminha,
Rivaldo e Muller vestiram a camisa alviverde. Muitos chamavam aqueles timaços
de Terceira Academia.
Em 1998,
com os títulos da Copa do Brasil e da Copa Mercosul, o Palmeiras se preparava
para seu maior objetivo, conquistar a Taça Libertadores da América. Em 16-6-1999,
veio a tão sonhada Libertadores, na final contra o Deportivo Cali, vencida nos
pênaltis em pleno Parque Antarctica – jogavam pelo clube São Marcos, Euller,
Paulo Nunes, Oséas, Alex, Evair e outros. Depois vieram o Rio-São Paulo e a Copa dos
Campeões, em 2000 – final da Era Parmalat, e o Paulista de 2008, tendo como
destaque o Mago Valdivia. O último título foi na Copa do Brasil, em 2012. Com a
inauguração do moderníssimo Allianz Parque em 19-11-2014, o Verdão promete
voltar a brigar por títulos.
Curiosidades
do Verdão
Quem mais fez gols:
Heitor (1916 a 1931) - 173 gols em 172 partidas
Heitor (1916 a 1931) - 173 gols em 172 partidas
Maior Goleada:
Palestra Itália 11 x 0 Internacional
8 de agosto de 1920
Palestra Itália 11 x 0 Internacional
8 de agosto de 1920
Inauguração Oficial do
Estádio Palestra Itália:
Palestra Itália 6 x 0 Bangu
13 de agosto de 1933
Palestra Itália 6 x 0 Bangu
13 de agosto de 1933
Fonte: Palmeiras
Divino
compara as duas Academias
Ao Jornal do Brás e Portal E5 Brasil, o Divino Ademir
da Guia explicou que existiam diferenças entre a Primeira Academia, da década
de 1960, e a Segunda Academia, da década de 1970. Ademir jogou em ambas, no
período de 1961 a 1977, e era caracterizado pela classe unida ao talento com a
bola nos pés.
Ele lembrou que, quando chegou ao
Verdão, encontrou naquele elenco jogadores já consagrados, como Djalma Santos,
Djalma Dias, Vavá, Zequinha, Chinesinho, Julinho Botelho e Geraldo Scotto, sendo
Djalma Santos e Vavá campeões mundiais pela Seleção Brasileira. “Aprendi muito
com eles. Fiquei bastante tempo na reserva deles” – lembrou o carioca Ademir da
Guia, filho do também craque Domingos da Guia. Os craques daquela Academia eram
comandados por Filpo Núñez.
Em 1965,
O Divino esteve no time do Palmeiras que representou o Brasil contra o Uruguai
na inauguração do Estádio do Mineirão. Vitória por 3 a 0 da “SeleVerdão”.
Segunda
Academia: jovens craques vindos do interior
Em relação à Segunda Academia,
Ademir atuou com jogadores jovens, que haviam chegado do interior, como Leão,
Eurico e Luís Pereira. Zeca veio do Sul. “Esse time, que jogou junto de
1972 a 1975, dava muitas alegrias à torcida, porque chegava às finais e
ganhava” – contou ele, se recordando que, sob o comando de Oswaldo
Brandão, o alviverde conquistou os Paulistas de 1972 e 1974, os Brasileiros de 1972 e 1973 e o
Troféu Ramón de Carranza em 1974 e 1975. Dudu foi o grande parceiro de Ademir no
meio-de-campo, durante 12 anos no Verdão. Segundo o Divino, Dudu sabia, além de
defender, ajudar no meio-de-campo. “Ele marcava muito bem os adversários” –
lembrou Ademir, finalizando a entrevista. Divino assinalou 154 gols no
Palmeiras, tendo disputado 903 jogos – é o jogador que mais vezes vestiu a
camisa do Verdão. Sua despedida foi em 1984 no Estádio do Canindé.
Sampaio lembra títulos da década de
1990

Hoje aos 47 anos, ele se recorda
que o título paulista de 1993 foi o mais importante da sua carreira. “Havia
muita pressão no clube naquela época, o Palmeiras vivia um jejum de 17 anos sem
títulos”. A conquista da Taça Libertadores da América de 1999 também é exaltada
por ele. “Agradeço a Deus por me dar esta oportunidade. Levantei a taça como
capitão”, disse Sampaio, acrescentando que na década de 1990, o Palmeiras e o
São Paulo eram base da Seleção Brasileira, cuja camisa canarinho ele
representou muito bem na Copa do Mundo de 1998, marcando 3 gols.
Sampaio
atuou também como gerente de futebol do Palmeiras de 2011 a 2012. Atualmente é
superintendente de futebol do time Joinville.
Outros craques do Verdão
Heitor, o
maior artilheiro
Luís Pereira, eficiente na marcação, fazia gols também
Dudu, eterno
parceiro de Ademir
Evair
quebrou o jejum em 1993
São Marcos, herói da Libertadores
Valdivia,
o Mago